O Propósito Além dos Números: O Coração dos Projetos Incentivados

 




No universo dos projetos incentivados, cada proposta que chega às mesas dos departamentos de responsabilidade social corporativa é muito mais que um conjunto de páginas detalhadas, planilhas orçamentárias e aprovações legais. É, acima de tudo, um manifesto de vidas. Desde a gênese da ideia, quando um proponente – seja uma associação, uma ONG, um CNPJ cultural, ou até mesmo um MEI apaixonado, dedica horas incansáveis à escrita, o propósito que move é infinitamente maior do que o mero cumprimento de uma lei de incentivo. É sobre gente. É sobre transformar realidades, tecer redes de apoio e mirar, com precisão cirúrgica, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), porque isso, sim, é fazer a diferença.


A responsabilidade social corporativa não se mede apenas pela cifra do investimento ou pelo percentual de imposto direcionado. Ela se manifesta, primordialmente, no olhar dado a cada proponente. São tantas pessoas envolvidas em cada projeto, beneficiários, artistas, educadores, coordenadores, voluntários, que a frieza de um processo de avaliação não pode fazer jus à paixão e ao esforço investidos. Não é fácil escrever um projeto, obter a aprovação legal, mas o verdadeiro desafio reside em conseguir uma avaliação justa e humana dentro das empresas aportadoras.


É aqui que reside a nossa súplica e o ponto nevrálgico: o elo de conexão entre o proponente sonhador e o avaliador que detém o poder da decisão. Será que os responsáveis por esses departamentos, ao receberem o projeto diretamente, conseguem ser verdadeiramente gentis e humanos? Conseguem ir além do compliance e da lista de check-boxes para enxergar a alma da iniciativa? Infelizmente, essa ponte muitas vezes é barrada ou enfraquecida pelo próprio profissional que, sobrecarregado ou insensível, não concede sequer a devida oportunidade de avaliação, impedindo que o propósito real toque a empresa.


Um projeto incentivado é uma promessa de impacto, de legado, de um bem maior. Ele é construído com um olhar voltado ao próximo, com a convicção de que toda vida importa. Não estamos falando de números, mas de histórias que serão reescritas. Para as empresas e seus avaliadores: ao receberem um projeto, lembrem-se das incontáveis horas e da esperança que ele carrega. Dêem o olhar devido, o tempo necessário e, acima de tudo, o coração que essa avaliação merece. Investir o imposto é uma obrigação legal; investir na vida com propósito e humanidade é a verdadeira responsabilidade social. Olhar para o proponente com a devida dignidade é o primeiro passo para garantir que a oportunidade de impacto não seja desperdiçada.


Por Carla Cavalcante

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